Apesar de possuir o maior rebanho bovino do país com 30 milhões de cabeças de gado, Mato Grosso ainda tem um longo caminho a percorrer quando o assunto é o aproveitamento do couro dos animais. O Estado possui a participação de apenas 1% nas exportações da matéria-prima (incluindo búfalos e equídeos), segundo dados do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).
Mesmo assim, com o baixo índice, treinamentos têm sido realizados para aproveitar o potencial do Estado. Dentre eles estão os cursos de curtimento e conservação do couro bovino, e confecção de artigos de montaria, ambos ofertados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), em parceria com os Sindicatos Rurais.
Após o curso em Pontes e Lacerda, Orceny Machado, aprendeu mais sobre o curtimento do material e agradeceu a oportunidade. "Foi muito gratificante aprender essas práticas de curtimento de couro e acredito que vai nos ajudar bastante".
Esse foi o primeiro curso do jovem Wender Camargo nesta área da bovinocultura. "É fácil e se seguir direitinho vai dar certo. Foi uma grande oportunidade para aprender".
Instrutor credenciado junto ao Senar-MT, Maurinho Costa da Silva, explica que devido ao baixo valor agregado do couro em Mato Grosso, falta conhecimento quanto aos cuidados com a pele do animal ainda vivo. "Para ser exportado, o couro passa por uma classificação de qualidade, mas como o preço da arroba é a parte mais valorizada e não a pele, o produtor não tem incentivo para aproveitá-la".
Diante deste cenário, o curtimento nas fazendas é destinado para benefício na própria propriedade, segundo Maurinho. "Eles não curtem o couro para comercialização, mas para confeccionar artigos de montaria que serão utilizados no dia a dia da fazenda".
Confecção de artigos – Essa é a principal fonte de renda de Cecílio dos Santos, artesão em Poconé. A partir do treinamento, o morador aperfeiçoou as técnicas e agora confecciona selas que custam de R$350 a R$900. "Antes eu fazia trança e laço e agora aprendi a fazer as selas. Demoram uns três dias para ficarem prontas, mas gosto muito de trabalhar com a matéria-prima".
No mesmo município, Sérgio de Arruda também se dedica há anos para confecção de artigos de couro e desde a capacitação consegue aproveitar ainda mais o material. "Bom que aproveita o couro, porque em alguns lugares o pessoal até joga fora", lamenta.
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